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Informar as pessoas é um privilégio

Atualizado: 19 de jan. de 2024

A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar e para mudar o mundo. Isso é certo. O jornalismo, uma nobre profissão e um dos pilares fundamentais para a democracia e para o funcionamento de uma nação, é uma das áreas mais ameaçadas com esta tecnologia.


O jornalismo como o conhecemos é agora um alvo em extinção, sendo que esta tecnologia pode vir a erradicar por completo as redações como a conhecemos, já para não falar no papel, que é cada vez mais escasso e menos lido. A chamada cobertura “minuto a minuto” pode, num futuro não muito longínquo, vir a ser feita única e exclusivamente por uma máquina, uma vez que fica mais barato e dá menos dores de

cabeça programar uma máquina para realizar determinadas funções, ao invés de pagar um salário precário.


É claro que há muitas vertentes do jornalismo que nunca conseguirão deixar de ter a mão humana, como as grandes reportagens ou o jornalismo de guerra, em que será sempre necessário ter o toque do jornalista para relatar os factos com exatidão e rigor.


Numa altura em que a equipa editorial deste jornal se prepara para entrar no mundo do jornalismo, é com receio que se enfrenta o futuro, que já se avizinha cinzento. O jornalismo está diferente e nunca mais voltará a ser o mesmo que era há 20 anos.


Os despedimentos e cortes salariais são cada vez mais frequentes, como se tem assistido no Global Media Group, com o corte nas redações do Jornal de Notícias e do Diário de Notícias. A integração da inteligên-

cia artificial no jornalismo tem vindo a revolucionar a forma como as notícias são produzidas e consumidas

em Portugal. Desde a automatização da redação de notícias até à personalização de conteúdo para os leitores, esta evolução levanta questões éticas e de qualidade jornalística, exigindo uma gestão cuidadosa para garantir a integridade e a credibilidade do jornalismo num cenário que passa, cada vez mais, pelo digital.


Como jornalistas, mas também como cidadãos, mostramo-nos preocupados com a ameaça que a inteligência artificial pode ter no futuro da nossa profissão e na sociedade em geral.


O ofício jornalístico é demasiado precioso para ser colocado nas mãos de uma máquina. Informar as pessoas é um privilégio. Ter alguém que confie em nós para entregar informação é uma enorme responsabilidade. Com a inteligência artificial, corremos o risco de ver a profissão perder credibilidade. Mas, em última análise, acreditamos que as pessoas vão sempre preferir receber notícias e informações que venham de outro ser humano e não de uma máquina qualquer.


Sermos futuros jornalistas neste mundo é uma tarefa um tanto ou quanto desafiadora. Vivemos num mundo onde reina a lei do menor esforço e a inteligência artificial é a rainha do reino. A influência da inteligência artificial no jornalismo é profunda e abrange diferentes etapas, desde a recolha de informação à publicação dos artigos.


Chega a ser assustador a forma como a IA toma conta de nós e torna o cérebro preguiçoso. Pegar num livro ou jornal para pesquisar determinada informação é um hábito já considerado “old school”. A moda agora é perguntar a um software de IA e, em segundos, temos todas as respostas às nossas perguntas (ou quase todas). O típico jornalista que usava papel e caneta está extinto e com o passar do tempo, sem nos apercebermos, vai sendo substituído pela máquina. A verdade é que o futuro somos nós e cabe a cada um de nós combater esta máquina e não permitir que nos substitua.

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