Saúde mental: és louco ou és só uma pessoa a tentar viver num mundo anormal?
- Margarida Gomes Rodrigues
- 10 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de jan. de 2024
É necessário olhar para a doença mental como olhamos para doenças como a diabetes. Negamos que temos diabetes? Não. Então porque nos custa tanto a acreditar que temos um problema psíquico?

Fonte: autor anónimo
A saúde mental é uma prioridade e não pode ser algo que consideramos só em último recurso. Em pleno século XXI é necessário abrir mentalidades e desmistificar o estigma associado à saúde mental. Psicólogos e psiquiatras não podem ser pessoas para as quais olhamos com medo ou pânico pois, na verdade, o máximo que podem fazer, tal como qualquer médico, é constatar os problemas vigentes em cada um de nós e arranjar possíveis soluções para resolvê-los. É necessário perceber que é no período da adolescência que se começa a pensar em pontos como, “o que vou fazer no futuro?”, “como vou lidar com um desgosto amoroso?” ou ainda “como vou lidar com a pressão que a sociedade acaba por incutir a cada um de nós de tirar as melhores notas para sermos verdadeiramente bem-sucedidos no futuro?”.
Com a expansão das redes sociais e o seu uso em tenra idade acaba ainda por se normalizar, desde cedo, uma imagem idealizada do que é a perfeição por parte de alguns criadores de conteúdo. Este facto acaba por influenciar as crianças que irão, inevitavelmente, ceder à pressão, tentando alcançar a beleza e a vida que lhes é demonstrada nas redes.
Esta realidade acaba por afetar o psicológico de jovens mais fracos emocionalmente, que se deixam abalar por estes fatores. É impreterível que a família se aperceba imediatamente desta realidade, de modo a que os possíveis problemas psicológicos que daí advém sejam imediatamente identificados e colmatados. para não serem arrastados para a vida adulta.
Se houver partilha com a respetiva família não haverá tantas crianças e adolescentes a sofrer em silêncio e os problemas psíquicos não serão arrastados para a vida adulta. Muitas vezes os familiares simplesmente não aceitam que meros adolescentes, na flor da idade, tenham doenças mentais e alegam “deixa de ser mariquinhas”, “és louco?”. “Loucos” mesmo são aqueles que acreditam que num mundo em que andamos sempre à velocidade do relógio, num mundo rodeado de pressão constante e percalços inesperados, conseguimos manter a nossa sanidade mental plenamente estável. Fico feliz pelos que, efetivamente, conseguem essa proeza, mas fico triste pelos que não aceitam o simples facto de que precisam de pedir ajuda. Não é uma vergonha. Vergonha sim é dizer que estamos bem quando na verdade, a única pessoa que estamos a enganar é a nós próprios. No final de contas, o que ganhamos com isso? Autodestruição, seja mais rápida ou lenta, que podia ser evitada se os problemas fossem conversados previamente, com os devidos especialistas.
Pode ser difícil aceitar a doença mental, uma vez que, esta ainda não está normalizada pela sociedade. Deste modo, é importante que estas temáticas sejam abordadas até se tornarem um tema recorrente no quotidiano. Não temos de ser obrigados a dizer que estamos bem numa altura em que não queremos sequer o contacto com o outro. Não temos de negar a ida a um psicólogo com medo que digam “tu és louco?”, ou ainda negar o facto de termos ido ao psiquiatra e este nos ter receitado medicação.
A depressão não poderá ser um tabu numa sociedade focada na produtividade a qualquer custo. As mentalidades têm de ser modificadas e nenhuma conclusão será alcançada sem uma reflexão ponderada.
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